O Jair que há em nós. Por Ivann Lago

Em seu blog

O Brasil levará décadas para compreender o que aconteceu naquele nebuloso ano de 2018, quando seus eleitores escolheram, para presidir o país, Jair Bolsonaro. Ex-integrante do Exército onde respondeu processo administrativo sob acusação de organização de ato terrorista; deputado de sete mandatos conhecido não pelos dois projetos de lei que conseguiu aprovar em 28 anos, mas pelas maquinações do submundo que incluem denúncias de “rachadinha”, contratação de parentes e envolvimento com milícias; ganhador do troféu de campeão nacional da escatologia, da falta de educação e das ofensas de todos os matizes de preconceito que se pode listar.

Embora seu discurso seja de negação da “velha política”, Bolsonaro, na verdade, representa não sua negação, mas o que há de pior nela. Ele é a materialização do lado mais nefasto, mais autoritário e mais inescrupuloso do sistema político brasileiro. Mas – e esse é o ponto que quero discutir hoje – ele está longe de ser algo surgido do nada ou brotado do chão pisoteado pela negação da política, alimentada nos anos que antecederam as eleições.

Pelo contrário, como pesquisador das relações entre cultura e comportamento político, estou cada vez mais convencido de que Bolsonaro é uma expressão bastante fiel do brasileiro médio, um retrato do modo de pensar o mundo, a sociedade e a política que caracteriza o típico cidadão do nosso país.

Quando me refiro ao “brasileiro médio”, obviamente não estou tratando da imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, do brasileiro receptivo, criativo, solidário, divertido e “malandro”. Refiro-me à sua versão mais obscura e, infelizmente, mais realista segundo o que minhas pesquisas e minha experiência têm demonstrado.

No “mundo real” o brasileiro é preconceituoso, violento, analfabeto (nas letras, na política, na ciência… em quase tudo). É racista, machista, autoritário, interesseiro, moralista, cínico, fofoqueiro, desonesto.

Os avanços civilizatórios que o mundo viveu, especialmente a partir da segunda metade do século XX, inevitavelmente chegaram ao país. Se materializaram em legislações, em políticas públicas (de inclusão, de combate ao racismo e ao machismo, de criminalização do preconceito), em diretrizes educacionais para escolas e universidades. Mas, quando se trata de valores arraigados, é preciso muito mais para mudar padrões culturais de comportamento.

O machismo foi tornado crime, o que lhe reduz as manifestações públicas e abertas. Mas ele sobrevive no imaginário da população, no cotidiano da vida privada, nas relações afetivas e nos ambientes de trabalho, nas redes sociais, nos grupos de whatsapp, nas piadas diárias, nos comentários entre os amigos “de confiança”, nos pequenos grupos onde há certa garantia de que ninguém irá denunciá-lo.

O mesmo ocorre com o racismo, com o preconceito em relação aos pobres, aos nordestinos, aos homossexuais. Proibido de se manifestar, ele sobrevive internalizado, reprimido não por convicção decorrente de mudança cultural, mas por medo do flagrante que pode levar a punição. É por isso que o politicamente correto, por aqui, nunca foi expressão de conscientização, mas algo mal visto por “tolher a naturalidade do cotidiano”.

Se houve avanços – e eles são, sim, reais – nas relações de gênero, na inclusão de negros e homossexuais, foi menos por superação cultural do preconceito do que pela pressão exercida pelos instrumentos jurídicos e policiais.

Mas, como sempre ocorre quando um sentimento humano é reprimido, ele é armazenado de algum modo. Ele se acumula, infla e, um dia, encontrará um modo de extravasar. Como aquele desejo do menino piromaníaco que era obcecado pelo fogo e pela ideia de queimar tudo a sua volta, reprimido pelo controle dos pais e da sociedade. Reprimido por anos, um dia ele se manifesta num projeto profissional que faz do homem adulto um bombeiro, permitindo-lhe estar perto do fogo de uma forma socialmente aceitável.

Foi algo parecido que aconteceu com o “brasileiro médio”, com todos os seus preconceitos reprimidos e, a duras penas, escondidos, que viu em um candidato a Presidência da República essa possibilidade de extravasamento. Eis que ele tinha a possibilidade de escolher, como seu representante e líder máximo do país, alguém que podia ser e dizer tudo o que ele também pensa, mas que não pode expressar por ser um “cidadão comum”.

Agora esse “cidadão comum” tem voz. Ele de fato se sente representado pelo Presidente que ofende as mulheres, os homossexuais, os índios, os nordestinos. Ele tem a sensação de estar pessoalmente no poder quando vê o líder máximo da nação usar palavreado vulgar, frases mal formuladas, palavrões e ofensas para atacar quem pensa diferente. Ele se sente importante quando seu “mito” enaltece a ignorância, a falta de conhecimento, o senso comum e a violência verbal para difamar os cientistas, os professores, os artistas, os intelectuais, pois eles representam uma forma de ver o mundo que sua própria ignorância não permite compreender.

Esse cidadão se vê empoderado quando as lideranças políticas que ele elegeu negam os problemas ambientais, pois eles são anunciados por cientistas que ele próprio vê como inúteis e contrários às suas crenças religiosas. Sente um prazer profundo quando seu governante maior faz acusações moralistas contra desafetos, e quando prega a morte de “bandidos” e a destruição de todos os opositores.

Ao assistir o show de horrores diário produzido pelo “mito”, esse cidadão não é tocado pela aversão, pela vergonha alheia ou pela rejeição do que vê. Ao contrário, ele sente aflorar em si mesmo o Jair que vive dentro de cada um, que fala exatamente aquilo que ele próprio gostaria de dizer, que extravasa sua versão reprimida e escondida no submundo do seu eu mais profundo e mais verdadeiro.

O “brasileiro médio” não entende patavinas do sistema democrático e de como ele funciona, da independência e autonomia entre os poderes, da necessidade de isonomia do judiciário, da importância dos partidos políticos e do debate de ideias e projetos que é responsabilidade do Congresso Nacional. É essa ignorância política que lhe faz ter orgasmos quando o Presidente incentiva ataques ao Parlamento e ao STF, instâncias vistas pelo “cidadão comum” como lentas, burocráticas, corrompidas e desnecessárias. Destruí-las, portanto, em sua visão, não é ameaçar todo o sistema democrático, mas condição necessária para fazê-lo funcionar.

Esse brasileiro não vai pra rua para defender um governante lunático e medíocre; ele vai gritar para que sua própria mediocridade seja reconhecida e valorizada, e para sentir-se acolhido por outros lunáticos e medíocres que formam um exército de fantoches cuja força dá sustentação ao governo que o representa.

O “brasileiro médio” gosta de hierarquia, ama a autoridade e a família patriarcal, condena a homossexualidade, vê mulheres, negros e índios como inferiores e menos capazes, tem nojo de pobre, embora seja incapaz de perceber que é tão pobre quanto os que condena. Vê a pobreza e o desemprego dos outros como falta de fibra moral, mas percebe a própria miséria e falta de dinheiro como culpa dos outros e falta de oportunidade. Exige do governo benefícios de toda ordem que a lei lhe assegura, mas acha absurdo quando outros, principalmente mais pobres, têm o mesmo benefício.

Poucas vezes na nossa história o povo brasileiro esteve tão bem representado por seus governantes. Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por tal governo.

Ivann Carlos Lago é sociólogo, mestre e doutor em Sociologia Política. É professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo (RS). Atua nas áreas de Teoria Política, Instituições Políticas e Regimes de Governo, Cultura e Comportamento Político, Partidos e Eleições. É professor permanente do Mestrado em Desenvolvimento e Políticas Públicas da UFFS.

O texto é de 28 de fevereiro de 2020, mas infelizmente só hoje cheguei a ele, enviado por Isabel Carmi Trajber, a quem agradeço. E – também infelizmente – ele continua lamentavelmente atual. (Tania Pacheco)

Destaque: Hieronymus Bosch – detalhe de O Juízo Final

Comments (37)

  1. Que texto esclarecedor!!! Do princípio ao fim total coerência e lucidez. Parabéns professor!!! Impressionante como tem tudo a ver com os acontecimentos…

  2. Só discordo da frase “exército de fantoches cuja força dá sustentação ao governo”. Tenho convicção que o que garantiu e garante a existência desse câncer é o maldito “mercado” representado no SSiniSStro da DESeconomia que o monstro traz no SOVACO desde a época da “campanha”.

  3. Interessante…parece que o autor realmente existe…
    Replico então o que postei no Facebook:

    Recebi no grupo do zap este texto…????

    “O Brasil levará décadas para compreender o que aconteceu naquele nebuloso ano de 2018, quando seus eleitores escolheram, para presidir o país, Jair Bolsonaro. Capitão do Exército expulso da corporação por organização de ato terrorista; deputado de sete mandatos conhecido não pelos dois projetos de lei que conseguiu aprovar em 28 anos, mas pelas maquinações do submundo que incluem denúncias de “rachadinha”, contratação de parentes e envolvimento com milícias; ganhador do troféu de campeão nacional da escatologia, da falta de educação e das ofensas de todos os matizes de preconceito que se pode listar.

    Embora seu discurso seja de negação da “velha política”, Bolsonaro, na verdade, representa não sua negação, mas o que há de pior nela. Ele é a materialização do lado mais nefasto, mais autoritário e mais inescrupuloso do sistema político brasileiro. Mas – e esse é o ponto que quero discutir hoje – ele está longe de ser algo surgido do nada ou brotado do chão pisoteado pela negação da política, alimentada nos anos que antecederam as eleições.

    Pelo contrário, como pesquisador das relações entre cultura e comportamento político, estou cada vez mais convencido de que Bolsonaro é uma expressão bastante fiel do brasileiro médio, um retrato do modo de pensar o mundo, a sociedade e a política que caracteriza o típico cidadão do nosso país.

    Quando me refiro ao “brasileiro médio”, obviamente não estou tratando da imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, do brasileiro receptivo, criativo, solidário, divertido e “malandro”. Refiro-me à sua versão mais obscura e, infelizmente, mais realista segundo o que minhas pesquisas e minha experiência têm demonstrado.

    No “mundo real” o brasileiro é preconceituoso, violento, analfabeto (nas letras, na política, na ciência… em quase tudo). É racista, machista, autoritário, interesseiro, moralista, cínico, fofoqueiro, desonesto.
    Os avanços civilizatórios que o mundo viveu, especialmente a partir da segunda metade do século XX, inevitavelmente chegaram ao país. Se materializaram em legislações, em políticas públicas (de inclusão, de combate ao racismo e ao machismo, de criminalização do preconceito), em diretrizes educacionais para escolas e universidades. Mas, quando se trata de valores arraigados, é preciso muito mais para mudar padrões culturais de comportamento.

    O machismo foi tornado crime, o que lhe reduz as manifestações públicas e abertas. Mas ele sobrevive no imaginário da população, no cotidiano da vida privada, nas relações afetivas e nos ambientes de trabalho, nas redes sociais, nos grupos de whatsapp, nas piadas diárias, nos comentários entre os amigos “de confiança”, nos pequenos grupos onde há certa garantia de que ninguém irá denunciá-lo.

    O mesmo ocorre com o racismo, com o preconceito em relação aos pobres, aos nordestinos, aos homossexuais. Proibido de se manifestar, ele sobrevive internalizado, reprimido não por convicção decorrente de mudança cultural, mas por medo do flagrante que pode levar a punição. É por isso que o politicamente correto, por aqui, nunca foi expressão de conscientização, mas algo mal visto por “tolher a naturalidade do cotidiano”.

    Se houve avanços – e eles são, sim, reais – nas relações de gênero, na inclusão de negros e homossexuais, foi menos por superação cultural do preconceito do que pela pressão exercida pelos instrumentos jurídicos e policiais.

    Mas, como sempre ocorre quando um sentimento humano é reprimido, ele é armazenado de algum modo. Ele se acumula, infla e, um dia, encontrará um modo de extravasar. (…)

    Foi algo parecido que aconteceu com o “brasileiro médio”, com todos os seus preconceitos reprimidos e, a duras penas, escondidos, que viu em um candidato a Presidência da República essa possibilidade de extravasamento. Eis que ele tinha a possibilidade de escolher, como seu representante e líder máximo do país, alguém que podia ser e dizer tudo o que ele também pensa, mas que não pode expressar por ser um “cidadão comum”.

    Agora esse “cidadão comum” tem voz. Ele de fato se sente representado pelo Presidente que ofende as mulheres, os homossexuais, os índios, os nordestinos. Ele tem a sensação de estar pessoalmente no poder quando vê o líder máximo da nação usar palavreado vulgar, frases mal formuladas, palavrões e ofensas para atacar quem pensa diferente. Ele se sente importante quando seu “mito” enaltece a ignorância, a falta de conhecimento, o senso comum e a violência verbal para difamar os cientistas, os professores, os artistas, os intelectuais, pois eles representam uma forma de ver o mundo que sua própria ignorância não permite compreender.

    Esse cidadão se vê empoderado quando as lideranças políticas que ele elegeu negam os problemas ambientais, pois eles são anunciados por cientistas que ele próprio vê como inúteis e contrários às suas crenças religiosas. Sente um prazer profundo quando seu governante maior faz acusações moralistas contra desafetos, e quando prega a morte de “bandidos” e a destruição de todos os opositores.

    Ao assistir o show de horrores diário produzido pelo “mito”, esse cidadão não é tocado pela aversão, pela vergonha alheia ou pela rejeição do que vê. Ao contrário, ele sente aflorar em si mesmo o Jair que vive dentro de cada um, que fala exatamente aquilo que ele próprio gostaria de dizer, que extravasa sua versão reprimida e escondida no submundo do seu eu mais profundo e mais verdadeiro.

    O “brasileiro médio” não entende patavinas do sistema democrático e de como ele funciona, da independência e autonomia entre os poderes, da necessidade de isonomia do judiciário, da importância dos partidos políticos e do debate de ideias e projetos que é responsabilidade do Congresso Nacional. É essa ignorância política que lhe faz ter orgasmos quando o Presidente incentiva ataques ao Parlamento e ao STF, instâncias vistas pelo “cidadão comum” como lentas, burocráticas, corrompidas e desnecessárias. Destruí-las, portanto, em sua visão, não é ameaçar todo o sistema democrático, mas condição necessária para fazê-lo funcionar.

    Esse brasileiro não vai pra rua para defender um governante lunático e medíocre; ele vai gritar para que sua própria mediocridade seja reconhecida e valorizada, e para sentir-se acolhido por outros lunáticos e medíocres que formam um exército de fantoches cuja força dá sustentação ao governo que o representa.

    O “brasileiro médio” gosta de hierarquia, ama a autoridade e a família patriarcal, condena a homossexualidade, vê mulheres, negros e índios como inferiores e menos capazes, tem nojo de pobre, embora seja incapaz de perceber que é tão pobre quanto os que condena. Vê a pobreza e o desemprego dos outros como falta de fibra moral, mas percebe a própria miséria e falta de dinheiro como culpa dos outros e falta de oportunidade. Exige do governo benefícios de toda ordem que a lei lhe assegura, mas acha absurdo quando outros, principalmente mais pobres, têm o mesmo benefício.

    Poucas vezes na nossa história o povo brasileiro esteve tão bem representado por seus governantes. Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é: como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por esse governo?

    Ivann Lago
    Professor e Doutor em Sociologia Política”

    Bem, meu comentário ????

    Concordo quase 100% com o texto. Não sei se é oriundo de pessoa real. Não me interessa, até por quê se for verdadeiro, neste momento já está sendo vitimizado pela patrulha “ideológica”, montado em robôs de redes sociais??

    O reparo que faço é apenas na minha avaliação, que votei no Bolsonaro, apenas para não ver o PT corrupto e obtuso novamente no Poder (me arrependo amargamente de não ter anulado ou não ter perdido meu tempo neste voto), e confesso que compareci sem analisar a ? toda…por cansaço e NOJO da elite brasileira, com toda certeza, a pior entre as nações do G-20, para não ser injusto com a China e a Índia (he he)…

    Em resumo, o tal “brasileiro médio”, foi vítima das fake news utilizadas por Bolsonaro com orientação do Trumpismo e com o beneplácito da tal “elite”….solução?…não creio ser possível sem refundar a nação e isso essa mesma elite nunca permitirá….

  4. O “brasileiro médio” que elegeu Lula em 2002 é o mesmo “brasileiro médio” que elegeu Jair em 2018?
    Caso Lula venha a ser candidato e vença as eleições de 2022, o “brasileiro médio” que agora não presta, passará a prestar?
    Não entendi Professor, por favor esclareça.

  5. Por mais que os absurdos que Ivann Lago relata descrevam uma parte da população, o tal do ‘brasileiro médio” é uma extrapolação sem base. Talvez fosse melhor citar “uma grande parte de brasileiros” e certamente não seria a maior parte. Lago esquece que uma imensa parte do apoio a Bolsonaro surgiu da imensa rejeição ao governo pt e aos saques ao país que vieram à luz com a operação Lava Jato. Além disso uma parcela importante do país, evangélicos e católicos especialmente, rejeitavam muitas das pautas de costumes e ideológicas que os burocratas no governo pretendiam impor. Também é importante lembrar o caos econômico que Dilma Roussef deixou: inflação e desemprego em disparada, além das pedaladas fiscais. O pt foi também muito inábil ao destacar Haddad para concorrer à presidência tendo como vice Manuela D’Ávila, do PCB. Tudo isso, além de uma dose imensa de ingenuidade e de auto engano, foram necessárias para crer que esse deputado inoperante e maldoso do baixo clero do Parlamento seria a figura – o mito – que daria seguimento à Lava Jato, acabaria com a inflação e o desemprego e levaria o Brasil à harmonia e prosperidade. No dia de hoje, provando os erros dessas premissas, temos mais de 620.000 pessoas mortas, em grande parte por omissão desídia e incúria, um país em escombros com miséria e fome crescentes, e uma ruína econômica que aumenta a cada dia que passa.

  6. Confiar em umpsicologo que em seu texto comete a gafe de contar uma mentira como verdade sem pesquisar, me parece mais um discurso de mimimi.

  7. Há muitos pontos relevantes que o professor aponta. Mas, como todo sociólogo, sua análise comete injustiças, pois generaliza. E ainda por cima deixa uma pergunta sem responder, já que foge do universo da sociologia responder aquilo que parece pessoalmente incompreensível.
    Se pudéssemos fazer um exercício de descobrir o que está por trás de escolhas aparentemente absurdas, talvez encontrássemos posturas que estão ao nosso alcance mudar.
    A principal delas, e que ele aponta muito bem, é que várias das decisões civilizatórias foram impostas. Se imposição tem a ver com falta de escuta, o que deixamos de escutar de quem ele classifica pejorativamente de “brasileiro médio”?
    Reconheço que houve uma origem na forma com que medidas sociais importantes foram implementadas. Sem a participação e encontro de pontos que tangenciam as aspirações de todos, tais medidas corriam o risco de ser artificiais. E foram. E mais: soaram arrogantes. Ainda que urgentes, tais medidas importantes exigiriam menos pressa para não serem derrubadas por uma avalanche de opiniões engasgadas, ainda que preconceituosas e retrógradas. Há algo mais retrógrado e preconceituoso do que análises que instituem rótulos a uma parcela da população?
    Ardilosos que são, muitos sequestraram estas insatisfações e as manipularam: alguns influentes grupos evangélicos; outros políticos, como o ex-capitão e caterva. Mas não só, porque não há nada mais catártico e aglutinador do que se opor a quem exala arrogância.
    Nessa toada, me parece que nós geramos e alimentamos o monstro, o qual agora nos repugna e não compreendemos. Por isso a pergunta final dele pode ter uma resposta se assumíssemos nossa responsabilidade na história, pois sem uma mudança de postura, continuaremos cristalizando tais atitudes que condenamos. E continuaremos arrogantemente nos perguntando como é possível a existência deste “brasileiro médio” que nos assombra.
    Assim, cada uma das pessoas que se encaixaria na definição preconceituosa deste termo — que pretende delimitar o preconceito como sendo uma prática apenas “deles” — precisaria de escuta para descobrir e dissolver o preconceito de parte a parte. Dá trabalho, mas enxergo como sendo a única forma de combate efetiva do que se convencionou chamar de “polarização”.

  8. O interessante vendo as análises e comentários, é que se parece que sempre vivemos em um país de maravilhas onde tudo era perfeito. Uma coisa é claro de se ver, quando vc esquece o passado obscuro de corrupção do país e destila seu veneno em um governo que está tentanto combater com isso por mero capricho, já não sei mais quem é o “ignorante”.

  9. Hoje, 09 Set 2021, os fatos comprovam a veracidade desta análise, infelizmente. Resta lutar com todas as armas contra este tipo de ideologia sócio-política, presente desde sempre no Brasil !

  10. Hoje um amigo comentou sobre o “complexo de vira-latas” e eu respondi :
    Mas agora os vira-latas mordem!
    O lider dos vira-latas mandou, os vira-latas obedecem!

  11. Texto perfeito. E mesmo assim, bozonazistas q o leram,mostram-se ” detonados” emocionalmente, desequilirados, confusos, distorcendo o passado ,recente ou não, e o presente, ao comparar, mediocremente, o caráter dos dous candidatos do 2° turno. Lamentável.

  12. Por que o brasileiro médio ignorante e medíocre segundo o texto. , votou em Fernando Henrique ? Identificou-se igualmente com ele ?

  13. 76 anos, bióloga aposentada da UFMG, dois netos, absurdada com a inimaginável realidade desse ser doente e perverso, mas aliviada de conseguir expressar meu pensamento pelas suas sábias e bem escolhidas palavras. Pensamento claro, certeiro, mortal. Obrigada.

  14. Perfeita a análise, principalmente no que se refere ao imaginário social do referido “brasileiro médio”. Eu acrescento que agora esse “brasileiro médio” se sente incluído na sociedade, empoderado e superior como nunca antes…

  15. Falta à análise, a computação dos votos e sua proporcionalidade nas eleições passadas. A turminha, aqui, bolsonarista — e esta contém vários componentes presentes no texto — não percebe que teve um PROFESSOR como candidato. Ela se vendeu ao lavajatismo, à “política nova” contra um centrão (“política velha do toma-lá-dá-cá”) e ao verdadeiro representante do covil de ladrões, um rachadista emérito. Mas isso ainda não é o todo. O articulista evita um tema espinhoso, uma vez que rastrear os votantes é encontrar bastante diferença entre 40 e tantos milhões e os afetados pela ordem dominante que pendeu à diferença para o “sucesso” do escárnio na presidência de hoje.

  16. Muito bem dito.
    Mas tem o não dito, ou não dito inteiramente.
    E no não dito, pode parecer que toda a sociedade brasileira — principalmente a “maldita” (Chauí) classe média — teria o povo eleito o atual presidente.
    Não se pode esquecer que esse mesmo povo incivilizado, não por sua culpa, foi quem elegeu os dois ultimos presidentes da republica…
    Onde está o erro? Esse povo inculto mudou de opinião e errou nas últimas eleições?
    Acertou nas outras hipóteses? Não é muita mudança?
    Não faltou referência a outras causas ou concausas do desastre indicado pelo colunista?

  17. Texto perfeito e direto, não há como justificar a vitoria deste imbecil, mas nada bobo, para presidente. Como bem colocado no Texto, a ignorância do povo e o oportunismo político o levaram à presidência. Lamentável!

  18. Em Porto Alegre foram 25 candidatos à prefeitura todos brancos.Talvez não saibas mas a política brasiliera é comandad ,militanda e filiada por uma elite branca ,rica de olhos azuis e cabelos loiros.Dos 500 candidatos à prefeitura no Rs nem um negro ou negra foi escolhida para a disputa.Nas redes sociais só se discute sobre a elite politica brasileira como Bolsonaro,Dilma,Hadda,Manuela,Rodrigo maia,Alcolumbre,Baleia Rossi que fazem parte de um grupo que há anos comanda o Brasil!

  19. Este texto transcreve com uma precisão cirúrgica o que de fato está por de trás do sentimento de quem sustenta ainda um governo que deveria ser destituído , dentro de um processo de impeachment. Parabéns ao professor por ter nos presenteado com esta que para mim pelo menos é sem dúvida alguma a expressão real do entendimento sobre porque a população ” Bolsonarista” se apega a este mentecapto e o defende desta forma.
    João Francisco da Silva
    Fraterno Abraço

  20. É isto. Doído. Horizonte nublado. Os dirigentes do país, atualmente, parecem estar plenamente satisfeitos. Senadores e Deputados, idem. Ausência de idéias, de propostas, de trabalho coordenado para o país e o que se apresenta. É o “venha a nós, ao vosso reino, nada.” Dificil aceitar tanta pobreza de espirito!

  21. “defensor da tortura e de torturadores”, Nasci em 1960, meu pai negro e pobre, eu, todos os meus conhecidos e parentes nunca fomos torturados nem perseguidos.
    Os heróis que roubaram, mataram, explodiram prédios, sequestraram (inclusive um embaixador dos Estados Unidos) reclamam de torturas.
    O Brasil vivia uma guerra civil, como você conseguiria informações destes heróis?
    Dando beijinhos e oferecendo flores?. No Brasil foram menos de 400 entre mortos, desaparecidos e torturados. Em Cuba iam direto para o paredão e eram fuzilados e não tem nem conta do número de pessoas. A Grande maioria do país se deixa levar por professores que foram infectados pela utopia do comunismo, que de comum não tem nada.

  22. No Texto: “Ex-integrante do Exército onde respondeu processo administrativo sob acusação de organização de ato terrorista”.
    Bolas, quantos políticos brasileiros foram acusados de alguma coisa e até condenados,
    vamos ser honestos e reconhecer que em 2018 não havia ninguém bom o suficiente para ser eleito Presidente, os que votaram nele tiveram seus motivos, eu votei por que os partidos de esquerda não são nacionalistas, apoiam a internacional comunista, portando nos governos de esquerda se mandou/gastou muitas divisas com países do regime de esquerda, em vez de investir e criar empregos no nosso país preferiram criar nos outros.

  23. Enquanto se joga o negro contra o branco, o homossexual conta o hétero, e outras picuinhas menores, nos dividimos e não cobramos: saúde, educação, oportunidades, gastos públicos SUPERFATURADOS, mordomias das autoridades, fim da cobrança do imposto de renda para pessoas físicas (salário não é renda a pessoa física não deveria pagar).
    Para os Doutores uma informação: O berço da humanidade é a África, os povos que migraram para as partes geladas se adaptaram ao clima e perderam a proteção contra o sol, apenas isso, por isso se tornaram brancos. Existe só uma RAÇA: A HUMANA. Um lápis é um lápis não importa a sua cor.

  24. Meu comentário tem que ser aprovado? Cadê a liberdade de expressão?
    Só funciona se for mão única?

  25. Não consigo entender aonde vamos parar. Falam em liberdade de expressão quando é para mostrar as partes íntimas, posições de sexo, pessoas urinando em outras, e outras expressões que não vou citar, tudo em público, tudo isto é liberdade de expressão. Mas este “politicamente correto” atual não considera liberdade de expressão não concordarmos com o queermuseu e suas obras de arte exibidas no Parque Lage. Temos que respeitar as expressões dos outros, as ideais dos outros etc… se querem respeitar as nossas. Ninguém tem vergonha de ser homossexual, mas se alguém chama de viado, ou de bicha é crime, não podemos nos fantasiar de índio (que na verdade é uma homenagem a eles) por que reclamam. EWm minha opinião só existe uma raça a raça humana. Não concordo com cotas para negros e pardos, e sim para os pobres. Discriminação e divisão é o que os intelectuais pregam hoje em dia. Sou descendente de Negros com muito orgulho, passei na faculdade sem usar cotas e trabalhei desde meus 14 anos para pagar meus estudos.

  26. Considerando apenas a parte referente ao ‘ser’ citado no título do artigo, acho que corrupto e aliado de milicianos até podem ser considerados dentro dos etc etc etc, mas não a definição que mais o ‘enobrece’: defensor da tortura e de torturadores. Nojo!

  27. A resposta a essa questão me parece muito simples. Diante dos escândalos, dos saqueadores dos cofres públicos, das depredações das propriedades públicas e privadas incluindo laboratório de pesquisas, desvios de dinheiro do povo para governos ditatoriais, o eleitor optou por um suburbano medíocre, ex capitão, homofóbico, etc etc etc. O segundo turno da eleição presidencial não ofereceu outra alternativa. As pessoas entenderam que não poderiam premiar com o seu voto um candidato que representava o grupo responsável pela deterioração do país e por 12 milhões de desempregados que hoje já são 14 milhões.

  28. Gostei muito da análise, mas gostaria que o senhor considerasse que o brasileiro médio (eleitor de Bolsonaro), que representa a expressão do racista, do machista, do homofóbico, do ignorante que desconhece democracia é o mesmo que elegeu os demais.
    E, se para extravasar todos esse conjunto de defeitos, a maioria dos brasileiros decidiu eleger Bolsonaro neste momento e não seus iguais em outros, é bem provável que tenha encontrado motivos além dos seus próprios defeitos.

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